Qualquer mergulhador, seja ele experiente ou novato está sujeito a alguma forma de desconforto antes ou enquanto mergulha. A primeira forma, chamamos de estresse psicológico. Com certeza você deve se lembrar quando fez o seu curso básico a tensão que sentiu no momento da primeira imersão. O contato com o desconhecido, o medo de alguns animais aquáticos (em especial dos tubarões) e o medo de ficar sem ar são os medos mais comuns. Um mergulho um pouco mais elaborado ou profundo que o habitual também pode gerar algum nível de estresse psicológico antes e durante o mergulho.

Pequenos níveis de estresse são benéficos pois faz com que nosso nível de atenção e comprometimento aumente durante o planejamento e execução do mergulho. Entretanto temos que tomar um cuidado especial com os mergulhadores que estão iniciando. As brincadeiras do tipo ¨Bora ver o tubarão¨ em um ¨check-out¨ de curso básico podem parecer inofensivas para quem já mergulha, mas podem desencadear um ciclo de estresse nesses mergulhadores capaz de fazer com que eles desistam do esporte antes mesmo de iniciar.

Costumo dizer em meus cursos de ¨Rescue Diver¨ que ¨a pior dor de barriga do mundo é a minha¨. Ela não atinge outras pessoas, somente a mim. Temos que respeitar os medos de quem está iniciando, mesmo por que você é mergulhador já passou por isso. Trabalhamos muito com o estresse de mergulhadores nos Cursos de ¨Rescue¨ e vivenciamos e monitoramos os medos de perto no Curso de ¨Divemaster¨.

A segunda forma é chamada de estresse físico. Quem nunca fez um mergulho com a máscara embaçando e a cada 40 segundos tinha que alagar e desalagar para limpa-la? Ou utilizou uma nadadeira apertada que a cada batida de perna machucava um pouco mais uma parte do seu pé? Ou mesmo sentiu frio durante uma imersão?

Seja qual for a forma, Psicológica ou Física, o estresse tem que ser respeitado e controlado pois pode levar o individuo a um ciclo que chamamos de bola de neve. Nosso corpo reage fisicamente a qualquer forma de estresse com um injeção de adrenalina. Essa injeção acelera nosso batimento cardíaco e consequentemente acelera nossa frequência respiratória. Uma respiração rápida no mergulho eleva os nossos níveis de CO2, o que pode gerar um efeito chamado de Exaustão Respiratória. Daí para um cenário de acidente a distância pode ser bastante curta.

Outro ponto é que cada um de nós possui diferentes níveis de tolerância ao estresse e só o treinamento em níveis superiores ao avançado e a prática constante em águas abertas elevam o esse nível aumentando o preparo, auto-conhecimento e controle do estresse.

Por Cadu Parisoto